X Congresso Internacional de História Ferroviária
Alcázar de San Juan, 24-25-26 de junio de 2026
Sessões
Sessão I. Origens, evolução e desenvolvimento do caminho-de-ferro em Castilla-La Mancha.
Coordenadores: Francisco de los Cobos (Universidad de Castilla-La Mancha), Daniel Marín Arroyo (Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha e UNED), José Ángel Gallego Palomares (Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha) e Francisco Polo Muriel (Fundación de los Ferrocarriles Españoles)
A linha ferroviária entrou no território da atual Castilla-La Mancha nos primeiros anos do desenvolvimento deste meio de transporte na península ibérica, inserindo-o no novo espaço mundial que estava sendo criado pelo caminho-de-ferro. A sua extensão pelas cinco províncias foi-se materializando, também de forma precoce, durante toda a segunda metade do século XIX, chegando a configurar-se uma rede convencional, integrada por caminhos-de-ferro de bitola ibérica e métrica, que atingiu o seu auge durante a década de 1940 com a conclusão do trecho entre Cuenca e Utiel. Da mesma forma, esta região seria uma das primeiras do conjunto do Estado a incorporar-se à nova rede de alta velocidade surgida a partir de 1992. A história desta relação, já próxima dos 175 anos, entre a região de Castilla-La Mancha e o caminho-de-ferro é a que se pretende fomentar através desta sessão, na qual teriam lugar estudos de casos que, desde uma perspetiva histórica, analisem os efeitos deste meio de transporte em Castilla-La Mancha, desde o âmbito local ao propriamente regional, cobrindo todos os aspetos relacionados com o fato ferroviário, desde meados do século XIX até aos nossos dias.
Sessão II. Os mecanismos de punição e disciplinamento nas empresas ferroviárias: uma perspectiva internacional.
Coordenadores: Fernando Mendiola Gonzalo (Universidad Pública de Navarra-UPNA) e Carles Gorini Santo (Institut Català de Recerca en Patrimoni Cultural-ICRPC)
O caminho-de-ferro não é apenas uma infraestrutura de transporte. Ao longo da história, também tem sido um espaço de luta política, organização sindical e resistência. Os trabalhadores ferroviários têm sido protagonistas de mobilizações laborais, mas também vítimas de intensas políticas repressivas. Esta mesa quer reunir investigadores que tenham estudado a repressão política exercida sobre este coletivo em diferentes contextos autoritários.
Durante o franquismo, milhares de ferroviários foram depurados, encarcerados ou executados. Na América Latina, as ditaduras da Argentina, Chile e Uruguai também realizaram purgas sistemáticas nas companhias ferroviárias, desmantelando sindicatos e impondo um controle rígido sobre o setor.
Quais semelhanças e diferenças encontramos entre esses processos repressivos? Que mecanismos foram utilizados para eliminar a oposição política no setor ferroviário? Quais foram as consequências dessas depurações na configuração laboral e sindical posterior?
Com esta mesa, queremos fomentar um debate comparativo e multidisciplinar que traga novas perspetivas sobre um fenómeno pouco explorado no seu conjunto. Fazemos um apelo a investigadores em história, sociologia, ciência política e outras disciplinas para que contribuam com suas investigações a este espaço de reflexão.
Sessão III. A internacionalização das empresas ferroviárias (séculos XIX-XXI).
Coordenadores: Ana Cardoso de Matos (CIDEHUS-Universidade de Évora) Domingo Cuéllar (Universidad Rey Juan Carlos) e Pedro Pablo Ortúñez Goicolea (Universidad de de Valladolid)
A expansão do caminho-de-ferro trouxe um novo desenvolvimento de conhecimento, tecnologia e profissões que também se organizavam em estruturas empresariais inovadoras. Este modelo expandiu-se desde os países pioneiros da industrialização (Grã-Bretanha, Bélgica, França ou Estados Unidos) para países e regiões seguidoras (Itália, Espanha, Portugal, América Latina, etc.), transformando rapidamente o caminho-de-ferro num símbolo da primeira globalização.
A ampla mobilidade dos fatores capital e trabalho foram os impulsionadores desse processo no século XIX, num quadro dominado pela exploração por empresas privadas. No entanto, já no século XX, com a progressiva nacionalização das empresas ferroviárias, também se produziu um intenso intercâmbio de conhecimento e tecnologia através dos sucessivos processos de inovação que o caminho-de-ferro teve, especialmente no período final do século XX e início do XXI, com a modernização associada à exploração dos trens de alta velocidade e das redes metropolitanas de tráfego cada vez mais intenso.
Para esta sessão, estamos interessados em receber propostas de comunicação que investiguem como esses processos de internacionalização ocorreram no setor ferroviário, tanto de uma perspetiva de longo prazo, como em estudos de caso, onde o protagonismo esteve no papel da entrada de capitais, capital humano ou tecnologia na exploração ferroviária, tanto nas primeiras fases da expansão ferroviária como nos processos mais recentes de modernização e transformação do sistema ferroviário.
Sessão IV. Caminho-de-ferro e cidade.
Coordenadores: Luis Santos y Ganges (Universidad de Valladolid) e Doralice Sátyro Maia (Universidade Federal da Paraíba)
O objetivo da sessão é que a história ferroviária se veja entrelaçada com a história urbana, melhor ainda se se tratar de uma história espacializada. Nesta inter-relação da cidade (espaço urbano, vida urbana, dinamismo económico, habitação, indústria, turismo, etc.) com o caminho-de-ferro (suas vias, suas instalações, seu perfil interurbano ou intraurbano, seu pessoal, seu funcionamento, etc.) cabem uma multitude de assuntos que dizem respeito à história do caminho-de-ferro. Assim, com esses sentidos de inter-relação caminho-de-ferro-cidade, cabem contribuições de tipo bem diverso, nos âmbitos ibérico, europeu e ibero-americano:
- Comunicações sobre o referente à história dos elétricos urbanos, dos caminhos-de-ferro metropolitanos e dos caminhos-de-ferro suburbanos.
- Comunicações sobre a relação dos sistemas ferroviários com a extensão, a forma e a estrutura urbanísticas.
- Comunicações sobre a história das estações, tanto mais quanto se trata de uma explicação da sua inserção urbana e da arquitetura.
- Comunicações sobre a caracterização patrimonial do património industrial ferroviário, sobre bases históricas e funcionais da engenharia ferroviária.
- Comunicações sobre a evolução dos sistemas ferroviários nas cidades: transferências de linhas e estações, encerramentos, projetos de reutilização.
- Comunicações sobre a problemática do efeito de barreira do caminho-de-ferro às comunicações transversais às vias, do papel da linha férrea como barreira social (diferenciação social, segregação social, fragmentação), dos passagens de nível e dos passagens desniveladas, dos guardas de passagem, dos acidentes e dos cercamentos, entre tantos outros assuntos relacionados.
- Comunicações sobre as grandes instalações técnicas ferroviárias, ou seja, os Depósitos e os Oficinas: sua estrutura, seu funcionamento, seu significado social e seus efeitos urbanos.
Sessão V. A historiografia e a privatização dos caminhos-de-ferro na Ibero-América: uma revisão de autores, temas e colecções.
Coordenadores: Guillermo Guajardo Soto (Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades, Universidad Nacional Autónoma de México) e Leonor Reyes Pavón (Instituto de Investigaciones Históricas, Universidad Nacional Autónoma de México)
Sessão híbrida (à distância e presencial)
Em 1998, a Fundación de los Ferrocarriles Españoles publicou Historia de los ferrocarriles de Iberoamérica (1837-1995), uma obra coordenada pelo destacado historiador económico Jesús Sanz Fernández, com um grande balanço histórico e sistematização das trajectórias e da dialética entre o público e o privado na configuração deste meio de transporte, destacando que se abria um novo ciclo histórico com as privatizações já iniciadas na Argentina (1990), no Chile (1992), no México (1997) e no Brasil um ano depois. Sublinhou que estava a nascer uma nova geração de caminhos-de-ferro “cujo destino terá de ser escrito durante o próximo século XXI”. No entanto, deu também início a um processo complexo e pouco estudado de perda, e por vezes de conservação, da documentação e do património material das empresas privatizadas, com consequências para as possibilidades de investigação histórica sobre os caminhos-de-ferro na região.
Neste sentido, a mesa redonda tem três objectivos: 1) rever os contributos da Historia de los ferrocarriles de Iberoamérica (1837-1995) e fazer um balanço dos temas de investigação abertos a partir dos anos 90 sobre aspectos suscitados pelas privatizações, como o papel da burocracia, as relações das empresas ferroviárias com o sector empresarial, o desempenho económico, as mudanças tecnológicas e laborais, entre muitos outros; 2) começar a escrever a história das origens das privatizações dos anos 90 que, embora atribuídas ao impacto da crise económica de 1982, têm uma profundidade histórica, como indicou Sanz, produto de uma dialética permanente entre o sector público e o sector privado desde o século XIX até aos nossos dias, detectando os debates, os autores e as instituições que elaboraram diagnósticos, planos e políticas que seriam aplicados no quadro das reformas neoliberais; 3) finalmente, conhecer o destino e a situação dos acervos documentais e do património tecnológico das empresas privatizadas.
Sessão VI. Património Cultural Ferroviário.
Coordenadores: Aurora Martínez-Corral (Universidad Politécnica de Valencia) e Diego Peris Sánchez (Universidad de Castilla-La Mancha)
O conceito de património ferroviário poderia ser definido como um complexo conjunto inter-relacionado e característico, integrado dentro do conjunto mais amplo denominado património industrial, que integraria o património material móvel (máquinas, elementos de sinalização, utensílios, uniformes ou outros) e imóvel (obra pública, estações, habitação, armazéns, rotundas, linhas, entre outros); o património documental (fotografias, planos, arquivos, etc.); o património artístico (esculturas, pinturas ou desenhos de temática ferroviária); assim como o património imaterial e a paisagem ferroviária. Este amplo e diverso conjunto, mutável e dinâmico, obriga a ser abordado desde diferentes disciplinas académicas e enfoques cuja interação permite aprofundar, descobrir e inovar no conhecimento do mesmo.
A sessão pretende compilar e mostrar estudos e investigações, projetos, metodologias, ferramentas de análise, propostas de estudo, obras e restaurações, inventários ou outros que permitam conhecer o estado atual do património ferroviário, assim como permitir perfilar e ampliar, discernir e clarificar este complexo conjunto ao mesmo tempo único e singular.
Sessão VII: Caminhos-de-ferro industriais, linhas secundárias e ramais particulares.
Coordenadores: Javier Revilla Casado (Universidad de León) e Sheila Palomares Alarcón (Universidade de Évora)
Desde o momento em que surgiram os primeiros traçados ferroviários no século XIX, foram cada vez mais numerosas as indústrias que solicitaram e obtiveram ramais particulares que lhes permitiram conectar-se diretamente à rede, com todas as vantagens que isso acarretava. Inicialmente, o transporte de mercadorias por caminho-de-ferro esteve estreitamente ligado à mineração, especialmente até a Primeira Guerra Mundial, mas a partir de 1940 foi cada vez mais utilizado para transportar outros produtos. Também foi favorecido pela implantação de linhas secundárias, em grande medida propostas para dinamizar a economia em zonas menos desenvolvidas.
Neste contexto, esta mesa propõe agrupar e debater as comunicações que se ocupem de analisar a relação entre as linhas (principais e secundárias) com os ramais particulares das indústrias, minas e quaisquer outros centros de produção, transformação e/ou transporte de mercadorias. Também terão lugar as investigações que analisem como se produziu a ligação entre as indústrias e o caminho-de-ferro. As vias foram um elemento que condicionou o projeto de arquitetura?
Dentro desse campo dos caminhos-de-ferro industriais, a mesa pode incluir investigações desde múltiplos pontos de vista: história dos traçados, património industrial, estudos de companhias, expropriações e implantação, análise de engenheiros e arquitetos, estações e edifícios, pessoal ferroviário, comércio e transporte de mercadorias, exploração de linhas, comunicação e viajantes do mundo rural, acidentes e incidentes, movimento operário, esplendor e decadência, locomotivas e material circulante, projetos não realizados…
Sessão VIII: História das trabalhadoras ferroviárias.
Coordenadoras: Solange Godoy (Universidad Nacional de San Martín/CONICET) e Belén Moreno Claverías (Universidad de Oviedo)
O papel das trabalhadoras nas empresas ferroviárias tem sido, tradicionalmente, pouco considerado nos estudos acadêmicos. No entanto, em certos países, elas constituíam um coletivo numericamente importante e realizavam tarefas imprescindíveis para o bom funcionamento das companhias, trabalhos que precisavam conciliar com as tarefas domésticas e o cuidado da família. Muitas delas eram guardabarreras, função que envolvia grande responsabilidade e uma alta sinistralidade laboral, o que não se refletia em seus salários, que eram extremamente baixos. Outras se dedicavam ao serviço de limpeza das instalações, trabalho igualmente necessário e também subestimado. Existia um coletivo mais minoritário de mulheres que exigiam maior formação ou capacitação técnica, como as bilheteiras, funcionárias de escritório, comissárias, engenheiras, professoras e até operárias ou maquinistas.
Esta sessão temática reunirá propostas que deem visibilidade às trabalhadoras ferroviárias ao longo da história e que abordem: condições de trabalho, condições de vida, papel nas economias domésticas, trajetórias profissionais, participação política/sindical, processos repressivos, políticas empresariais, representações culturais e artísticas, entre outros. Assim, serão bem-vindas comunicações relacionadas com a análise do papel das mulheres ferroviárias, levando em consideração tanto sua própria perspectiva e agência, quanto a forma como foram percebidas nos âmbitos social, econômico, empresarial, político e cultural.
Sessão IX: Jovens Investigadores.
Coordenadores: Laura Lalana Encinas (Universidad de Burgos) e Víctor Sanchís Maldonado (Universidad Rey Juan Carlos)
Esta mesa está dirigida a investigadores em formação, doutorandos e doutores com menos de seis anos desde a obtenção do título ou menores de 35 anos. Seu propósito é oferecer um espaço para a apresentação de investigações relacionadas com a história de infraestruturas de transporte e comunicações, com particular ênfase em estudos da Ibero-América. Busca-se fomentar o debate académico, a retroalimentação construtiva e o fortalecimento de redes académicas. Durante este processo, os jovens investigadores receberão retroalimentação direta de especialistas no campo, o que lhes permitirá enriquecer suas investigações e desenvolver novas perspetivas. As comunicações apresentadas serão consideradas para publicação na revista da Associação, TST. Além disso, a ASIHF tentará apoiar, na medida do possível, o deslocamento dos participantes, buscando facilitar sua participação neste evento.
Sessão X. Geral.
Coordenadores: Olga Macias Muñoz (Universidad del País Vasco/Euskal Herriko Unibertsitatea-UPV/EHU) e Tomás Martínez Vara (Universidad Complutense de Madrid-UCM)
Dada a transversalidade do caminho-de-ferro, a organização do congresso convida aqueles/as investigadores/as que estejam estudando outros temas não incluídos nas sessões anteriores a enviar comunicações para sua exposição nesta sessão, na qual serão agrupadas tematicamente se for o caso.